Espondiloartrites e Doença celíaca


Espondiloartrites

Profª. Dra. Cláudia Goldenstein-Schainberg

As espondiloartrites englobam um grupo de doenças inflamatórias da coluna com envolvimento inflamatório dos ligamentos e tendões nas interfaces entre o osso e a cartilagem articular (entesites). Afeta coluna lombossacra, membros inferiores, região de tendão de Aquiles e calcanhar, além de membros superiores, e eventualmente pele, olhos e trato genitourinário e gastrointestinal.
Faz parte deste grupo de doenças a espondilite anquilosante (EA), artrite reativa, artrite psoriásica (APs), artrite relacionada a doenças inflamatórias intestinais como o Crohn e a retocolite ulcerativa e as espondiloartrites indiferenciadas. Fatores genéticos (interação familiar), ambientais e infecciosos contribuem para que a doença se manifeste. A inflamação da articulação sacroilíaca da bacia ou sacroiliíte é comum nessas patologias.
  • A ESPONDILITE ANQUILOSANTE (EA): se destaca pelo acometimento primário da coluna vertebral com dor (lombalgia) e das articulações sacroilíacas. Entesites de inserções ligamentares e tendíneas, artrite periférica, geralmente assimétrica, preferencialmente de membros inferiores, como tornozelos, coxofemurais e joelhos são comuns, e mais raramente de membros superiores, principalmente ombros. Afeta mais pacientes do sexo masculino, com idade de início antes dos 40 anos. A dor na coluna ou lombalgia é de difícil localização irradiando-se para a região glútea, tem início insidioso, duração maior que 3 meses, rigidez matinal e melhora com exercício e piora com o repouso. Após alguns meses torna-se persistente, com rigidez e sensação dolorosa difusa na região lombar baixa. A dor pode acordar o paciente durante o sono, muitas vezes obrigando-o a executar algum exercício para diminuí-la e com rigidez concomitante, comum nas fases avançadas da doença. Com a evolução do quadro e se não for diagnosticada e tratada de forma adequada, pode haver redução dos movimentos da coluna vertebral levando à sua fusão ou anquilose, daí o nome da doença: espondilite anquilosante. 
  • A ARTRITE REATIVA (ARe): A inflamação articular ocorre 3 a 6 semanas após uma infecção geniturinário ou gastrointestinal, que pode passar desapercebida. Quando presentes, os sintomas gastrointestinais se manifestam sob a forma de diarréia ou disenteria e os sintomas urogenitais no homem são de uretrite com queimação e dor uretral e na mulher, a uretrite, cistite e cervicite tendem a ser silenciosas. Pode haver febre baixa, perda de peso e mal estar vago, conjuntivite e aftas na boca. Predomina o envolvimento de articulações de membros inferiores, joelhos, tornozelos e pés com entesopatia (inflamação localizada na inserção do tendão com o osso) levando ao aspecto de "dedos em salsicha" ou dactilite, dor no calcanhar, decorrente da entesite aquiliana e das plantas dos pés. A lombalgia é mal definida, decorrente da inflamação dos tendões da coluna e pode evoluir com dor e rigidez indistinguível do quadro da EA, com sacroiliíte em até 1/3 dos pacientes. 
  • ARTRITE PSORIÁSICA (APs): é uma forma de artrite que se associa a psoríase cutânea, doença das unhas e pele com lesões vermelhas e descamativas. A psoríase isolada afeta 1 a 3% da população e sua associação com artrite em 10 a 42% dos pacientes. A doença articular pode ocorrer depois, antes ou concomitante à doença cutânea, em qualquer idade, com pico entre os 30 e 50 anos de idade e frequência similar entre homens e mulheres. A APs pode afetar a coluna (forma espondilítica semelhante à espondilite anquilosante) e as articulações periféricas dos membros inferiores e superiores. 
  • ARTROPATIAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS: As doenças inflamatórias intestinais englobam a doença de Crohn (DC), retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI) e mais raramente Doença de Whipple, artrite após by-pass intestinal e a artrite associada a doença celíaca. Podem evoluir com manifestações articulares inflamatórias associadas e envolvimento típico da coluna, semelhantes às da EA leve a moderada com envolvimento da coluna, bacia, articulações periféricas, artrite e entesite (aquiles, fáscia plantar). 
  • TRATAMENTO DAS ESPONDILOARTROARTRITES: Embora as bases do tratamento das doenças que constituem as espondiloartrites sejam semelhantes, o que vai determinar o esquema terapêutico é a evolução dos diferentes quadros. Daí a necessidade da individualização terapêutica e a abordagem conjunta de especialistas, como o gastroenterologista, o dermatologista e o oftalmologista. 
    http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/

Comentários

  1. Oi Gláucia, td bom...
    Meu filho 29 anos, dhladq2 positivo, (eu tb, mas celíaca de carteirinha e alérgica o trigo), está com muitas dores no joelho e calcanho, ninguém descobre, falam de um um encurtamento etc...fez ressonância não da nada, vai refazer exames qd voltar das ferias, estou acreditando que deva procurar reumato, mas estou com muita preocupação que esta seja uma manifestação da DC, silenciosa , com o sempre por trás das coisas...el vi disparando gatilhos o que vc pensa sobre? bs obrigada

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    1. Oi Sonia, com certeza ele deve estar tendo contaminação cruzada aí se ele tiver fazendo o regime. Se não tiver fazendo com certeza ele é celíaco tb pelos sintomas e o genético positivo viu. Qualquer dúvida pode me adicionar no face que respondo mais rápido. bjo.

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