Alergia cerebral ou Autismo?




Os primeiros médicos que falaram de ecologia médica, alergia alimentar como causa de doenças crônicas ou reações adaptativas metabólicas causadas por interação maladaptativa a produtos ambientais, são da década de 30.


Em 2007 eu incluí uma forma de tratar o autismo de meu filho junto as terapias: uma intervenção nutricional com exclusão de glúten, caseína e alguns aditivos químicos.
Comecei este tratamento alimentar por influência dos pais de grupos de apoio na internet.
Nesta época e até pouco tempo, nada sabia sobre alergia com manifestação no sistema nervoso central.

Em quatro anos compreendi muitos dos comportamentos de meu filho, ele teve uma melhora significativa no seu quadro de autismo com a exclusão destes alimentos altamente alergênicos e pró-inflamatórios e por tudo isso escrevi um livro: Autismo Esperança pela Nutrição.

Mesmo assim, em alguns momentos ele tinha alterações de comportamento sem nenhuma explicação plausível, mas como no geral seu quadro tinha melhorado, não dava importância a estes momentos.

Lembro que na noite de lançamento do meu livro, uma amiga que foi me prestigiar, comentou que seu menino mesmo em dieta, algumas vezes apresentava alterações comportamentais como antes e sem ter nenhum furo ou consumo de glúten ou leite.

Falei que conosco isto também acontecia e que já tinha desistido de entender: o importante pra mim era que o quadro geral tinha melhorado.

Um mês depois meu filho fez uma convulsão. Isto me mostrou que ainda havia riscos e não era momento para relaxar. O que estava acontecendo?

Minha cabeça deu um nó! E mais horas e horas de pesquisa vieram para que eu entendesse o que ainda estava faltando.

Foi então que eu descobri a alergia cerebral e a avalanche de sintomas que esta condição provoca.

Fiquei estarrecida com o quanto os sintomas podem ser facilmente confundidos com os sintomas de autismo ou o agravamento do seu quadro.


Nesta época, tudo o que achei sobre o tema foi em inglês, de postagem à livros.

Retomando as pesquisas na internet para escrever esta postagem, fiquei feliz de ver que um ano e meio depois já encontramos coisa em português em pelo menos um site :)

A alergia ou intolerância pode se manifestar em qualquer sistema metabólico.

A alergia cerebral é a que se manifesta no sistema nervoso central. Ocorre de forma adaptativa, o corpo vai se moldando ao agressor incorporando reações crônicas e progressivas, ou seja, a alergia cerebral provoca alterações no comportamento, nas emoções e na personalidade do indivíduo.

Ela varia em estágios do leve ao severo e estes estágios podem evoluir rapidamente ou demorar anos e décadas, dependendo exclusivamente da interação do paciente com o ambiente.

Estas reações gradativas podem ser hipo ou hiper.

Como no autismo o que vemos mais comumente são as reações hiper, são estas as que colocarei aqui:


1º Estágio: Tenso, rígido, falador, argumentativo, sensibilidade extrema, flushing (manchas ou marcas vermelhas pelo corpo, mais comum no rosto e tórax) acompanhado de suor excessivo, suor frio, insônia.


2º Estágio Agressivo, ansioso, medroso, apreensivo, alteração brusca de temperatura corporal, fome e sede excessiva, alterações bruscas de humor, risadas histéricas.


3º Estágio: Perturbado, agitado, acelerado, irritado. Pensamentos e comportamentos obsessivos, espasmos musculares, convulsões e pode ocorrer alteração da consciência.



Um fato muito interessante é que geralmente os pacientes que recebem diagnóstico de alergia do SNC normalmente eram crianças com reações alérgicas comuns e conhecidas na 1ª infância. Parece haver uma migração de sintomas de um sistema metabólico para outro. A sua alergia não curou, houve apenas uma mudança de sintomas.


Dr. William Philpott, psiquiatra que tratava seus pacientes do ponto de vista alérgico e nutricional em sua clínica, escreveu em seu livro: Brain Allergies que há um viés comum para todos os transtornos orgânicos cerebrais: leia-se doenças neurológicas e psiquiatricas => a contaminação numa fase crítica do desenvolvimento cerebral (gestação e 1ª infância) por vírus da família do herpes:


- Citomegaluvírus, epstein-barr e herpes tipo 6.

Coincidência ou não, meu filho tem histórico de alergia respiratória (bronquite asmática)até os 3 anos de idade e é portador do citomegalovírus, além de ter alta quantidade de anticorpos para rubéola até hoje já na fase adulta, o que não é normal.

Através das pesquisas, leituras e avaliação criteriosa do efeito dos alimentos no meu filho, concluí que ele tem autismo e como comorbidade: alergia alimentar grave com manifestação no SNC.

O autismo dele é uma coisa, a alergia alimentar é outra, muito mais difícil do que seu autismo em si.
E o que ocorre com ele pode estar ocorrendo com milhares!
Os sintomas de alergia cerebral são facilmente camuflados ou confundidos com os sintomas de autismo.

Através de anotações, consegui chegar a uma tabela de alimentos alergênicos para ele e ao nível de comprometimento que estes alimentos provocam:

Os alergênicos: alho, chia, aveia, quinua, corantes de todos os tipos, inclusive o amarelo natural de curcúma, açafrão e frutas amarelas como manga e mamão => em grau 5.


Tremor nas mãos, batimento cardícaco acelerado, flushings no rosto, dilatação da pupila, constante estado de alerta, agitação motora (movimentação constante, flappings e steemings) e vocal com ecolalia repetitiva, desconcentração e enurese noturna que dura 1 dia a 3 dias.


Os alergênicos: mandioca, glúten, leite, ovo e fermento biológico => em grau 7:


Tremor nas mãos, batimento cardícaco acelerado, flushings no rosto, dilatação da pupila, constante estado de alerta, agitação motora (movimentação constante, flappings e steemings) e vocal com ecolalia repetitiva, desconcentração, enurese noturna e diurna que dura 5 dia a 7 dias. Tudo em maior intensidade.


Fenóis: Uvas, beries (mirtilos, morangos, framboesas, açaí), tomates, chocolate, cítricos, chás e ervas => Grau 10:

Tudo junto em potência maior e mais: enurese noturna e diurna, auto-agressão, alteração bipolar (hora chorando, hora risadas histéricas) com duração de 7 a 10 dias. 


Para exemplificar estas reações e os níveis de comprometimento que elas provocam, filmei meu filho num momento de alteração comportamental de nível 5 (o mais brando) provocado pelo consumo de alho, alimento que ele não pode consumir.



É interessante também salientar que o comportamento que parece normal no autismo, na verdade é resultado de reação alérgica no SNC.

Afastando o agressor, é possível proporcionar uma qualidade de vida maior ao paciente pelo maior aproveitamento das terapias e atividades de vida diária e social.

Para complementar o meu texto, deixo aqui o link do site que comentei em português sobre o tema:



http://luizmeira.com/cerebral.htm

Vale a pena ler os links que o autor da tradução também indica.

http://dietasgsc.blogspot.com

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