Doença celíaca pode ser controlada

Pessoas que têm intolerância ao trigo devem manter uma dieta diversificada

20/05/2012 01:02 - JÚLIA VERAS
Ele é, sem dúvidas, um dos mais importantes alimentos da história ocidental. Desde que o homem aprendeu que era possível fazer uma semente brotar intencionalmente e se alimentar do fruto do próprio trabalho, o trigo reina absoluto como o cereal que ajudou a alimentar a humanidade ao longo dos últimos séculos. Pão, bolo, macarrão, biscoitos: a partir dele, todas as delícias podem ser criadas e apenas a criatividade é o limite. É de se imaginar, então, o sofrimento de alguém que, de repente, se vê privado da possibilidade de comer trigo e seus derivados, além de outros alimentos como aveia, malte e cevada. Esse é o caso daqueles que sofrem com a doença celíaca, uma patologia autoimune causada por uma reação à gliadina, um componente do glúten, que por sua vez, está presente nos alimentos descritos acima.

No Dia Mundial do portador da doença celíaca - neste domingo - a nutricionista Roberta Costi, alerta: “O celíaco deve se esforçar para manter uma dieta diversificada e não permitir que as suas limitações o impeçam de ter uma alimentação repetitiva”. Ela ressalta ser comum que essas pessoas cheguem ao seu consultório com deficiências nutricionais causadas pela inflamação do intestino provocada pelo glúten. “Como esse órgão não consegue absorver os nutrientes, geralmente o paciente fica bastante debilitado devido à diarreia e vômito, principais sintomas provocados pela intolerância. Uma vez retirado o glúten da sua dieta é perceptível a melhora. Mas, é preciso atenção para que o paciente não acabe fazendo uma dieta muito cansativa, já que são muitas restrições. É importante que ele procure fazer novas receitas e incluir novos alimentos em sua mesa”, alerta.

O estudante Bruno Pessoa, de 24 anos, e sua namorada, a ourives Michele Ramos, 36, não se conformaram com o tédio no cardápio, e ainda fizeram da descoberta da doença dela uma nova possibilidade de negócio. Tudo começou quando Michele descobriu que tinha a doença e passou a evitar alimentos com glúten. Ao ver a namorada sofrendo com as restrições alimentares, Bruno passou a pesquisar receitas de pães, bolos e doces para Michele. Aprovadas as receitas pela namorada, o estudante notou que poderia fazer as guloseimas para outras pessoas que tinham o mesmo problema.

“Pesquisei na Internet e descobri que existem substitutos para a farinha de trigo. A textura ficou ótima e a vizinha pediu uma encomenda para o aniversário da filha, embora a menina não tivesse problema”, diz ele. A namorada, e agora sócia, também melhorou bastante a saúde. “Antes, o mal estar era generalizado, às vezes era complicado para dormir com dores de estômago. A mudança foi absurda, passei e ter mais bem estar. O que antes eu achava que era cansaço, descobri que eram consequências da doença”, conta.

No começo deste ano, Paulo César passou a notar erupções pelo corpo. Depois de passar por quatro médicos, finalmente o quinto deu o diagnóstico correto: dermatite herpetiforme, uma sensibilidade cutânea ao glúten, menos conhecida a doença celíaca. Depois de alguns meses, ele livrou-se das manchas, e hoje, ele mantém uma dieta adequada, mas sofre, especialmente, com a impossibilidade de comer pão, macarrão e cerveja. “Ficar sem comer pão é complicado. A cervejinha do fim de semana, então, mais ainda”, relata.

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