Nova Polêmica! Glúten x Obesidade!

Glúten pode engordar!
Estudo da UFMG indica que alimentos com glúten causam ganho de gordura abdominal.

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Publicação: Segunda-Feira, 20 de setembro de 2010 na página CIÊNCIA - Nutrição do Estado de Minas.
por: Paula Takahashi
Alvo de muitas dúvidas e polêmicas, o glúten, fração proteica presente em cereais como trigo, aveia, centeio e cevada (malte), está em evidência, seja pela obrigatoriedade das indústrias em informar sua presença ou ausência na embalagem dos alimentos, seja por sua mais recente associação ao ganho de peso. "Pouco se sabe sobre os efeitos da ingestão de glúten na obesidade. Por isso decidi buscar uma resposta científica para essa questão", afirma a nutricionista Fabíola Pires, autora da dissertação de mestrado da Universidade Federal de Minas Gerais “Efeitos da exclusão dietética do glúten de trigo em modelo experimental de obesidade.”

Durante oito semanas, 40 camundongos foram separados em grupos e tratados com suas respectivas dietas. "Eles eram alimentados de forma idêntica, com comida rica em gorduras, como ocorre com a alimentação de obesos humanos, só que uma delas tinha glúten de trigo e a outra, não", explica Fabíola.
A conclusão é de que aqueles animais que foram tratados com glúten ganharam 25% a mais de peso corporal comparados aos isentos do nutriente. "O grupo que não ingeriu glúten apresentou menor ganho de adiposidade – gordura – na região abdominal, além de melhor sensibilidade à ação da insulina, hormônio importante na manutenção de uma glicemia normal. Mas o melhor resultado foi em relação ao ganho de gordura abdominal: 33% maior nos animais que consumiram o glúten", afirma.

O estudo, ainda inicial e que agora evolui para a tese de doutorado da especialista, demonstra que a retirada do glúten da dieta pode evitar o ganho de peso. “Ou seja, não ingerir os cereais que contêm essa proteína pode ter algum efeito na prevenção da obesidade e da resistência à insulina secundária a essa doença. Ainda não sabemos se o glúten se deposita nas células. O que se sabe, até o momento, é que ele possivelmente favorece a deposição de gorduras na região abdominal, mas de que forma isso ocorre é o que veremos em meu doutorado”, afirma.
Intolerância
Ainda mais preocupante que o ganho de peso é o efeito do glúten no organismo de pessoas intolerantes à fração proteica, os celíacos. De difícil diagnóstico e ainda pouco conhecida pela população, a doença é autoimune e determinada geneticamente, não é rara e pode ser compartilhada por uma a cada 214 pessoas. As frações tóxicas para quem tem intolerância ao nutriente e que o compõem são as prolaminas, que no trigo é a gliadina, da aveia, a avenina, do centeio, a secalina e, da cevada (malte), a hordeína.

"Todas essas são frações tóxicas do glúten para o celíaco, mas a atenção especial deve ser dada à gliadina, que é encontrada em maior quantidade", explica a presidente da Associação dos Celíacos do Brasil da Seção de Minas Gerais (Acelbra-MG), Ângela Pereira de Abreu Diniz.

A adição de glúten aos alimentos garante características que hoje são difíceis de serem substituídas por outros componentes. "Onde ele está presente, confere leveza à massa, fermentação, viscoelasticidade e retenção de umidade. Essas são propriedades da proteína de origem vegetal e natural e não algo artificial ou conservante, como pode se pensar", explica Ângela.
Lesão do intestino ataca celíacos
O mecanismo de ação da fração proteica capaz de desencadear a intolerância ao glúten ainda não está claro para a comunidade científica. Mas o efeito que provoca ao entrar no organismo de um celíaco, sim. Ao ser ingerido, o glúten é quebrado e a gliadina, principal causadora da doença, desencadeia todo o processo de lesão das vilosidades do intestino delgado, revestimento responsável por ampliar a área de absorção de nutrientes. "A gliadina atravessa a parede do intestino e sofre ação da enzima transglutaminase. Com isso, ela fica com os terminais ácido-glutâmicos carregados negativamente e aderem às células apresentadoras de antígenos. A partir daí, é desencadeado um processo inflamatório com liberação de citocinos que causam a lesão intestinal", explica a gastroenterologista e pediatra Magda Bahia.
Os sintomas são diversos e vão desde os clássicos, como darréia e vômitos na infância, até osteoporose precoce, baixa estatura, infertilidade, perda da musculatura glútea, inchaço abdominal, entre outros. As alternativas alimentares ainda são caras e de difícil acesso da maioria da população. "Podem ser usadas opções regionais, como batatas, arroz, mandioca, cará, féculas, polvilho, quinoa, e fruta-pão. Mas sozinhos eles não conseguem trazer as características próprias do glúten e para isso devem ser adicionados aos alimentos, espessantes e outros ingredientes", observa Ângela Abreu Diniz, da Acelbra - MG.
Matéria retirada do website do Estado de Minas (www.em.com.br).

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