Um Pouco Sobre a História do Tratamento dos Celíacos

(Parte 1)

 Há muito tempo, todos as pessoas eram totalmente sem glúten e viviam tranquilamente. Até que um dia, o homem descobriu a agricultura e começou a se dedicar a plantação de trigo.

Anos se passaram, e cada vez mais o trigo recebe novas utilidades, como a leveza, textura, elasticidade e viscosidade na criação de pães, massas e outros produtos. E depois disso, o que aconteceu?A quase dois mil anos, Aretaus, notório médico da Capadócia, reportou o que seria o primeiro caso de doença celíaca, quando descreveu seu paciente com “koilakos”, “sofrimento no intestino”.

  • Em 1888, Samuel Gee, conhecido médico britânico, publicou a primeira descrição clínica sobre a doença celíaca, no qual ele a relatava como uma síndrome de mal-absorção causada através da ingestão de algum alimento ainda não identificado, e que pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, porém é mais apta de se desenvolver em crianças. Samuel Gee estava realmente correto na maior parte de seus pensamentos, entretanto, ele se equivocou ao acreditar em que a resposta para o tratamento fosse a ingestão de pães cortados em pedaços mais finos e tostados nas laterais.

  •  Em 1941, Willem-Karel Dicke, um pediatra holandês, se tornou o pioneiro da dieta sem glúten ao publicar um artigo sobre o assunto. Ele percebeu que o trigo era a adversidade que algumas pessoas estavam enfrentando, já que após a Segunda Guerra Mundial, a farinha de trigo foi reintroduzida na dieta dos habitantes, elevando o número de casos com DC (durante este período de guerra, o amido de batata era mais acessível do que a farinha de trigo).

    A banana foi a base da dieta sem glúten no início do tratamento dos celíacos (influenciado por Sidney Haas que a havia desenvolvido em 1920). Importante enfatizar que nessa época não havia o conceito do glúten. Assim, todas as comidas para o tratamento da DC continham banana, já que era o único alimento que eles estavam convictos em que o trigo não estava presente. Após meses de melhora, o paciente era introduzido a outras frutas, vegetais, leite, etc. Entretanto, Dr. Dicke acreditava que a doença celíaca podia ser superada. Por essa razão, quando o paciente se mostrava mais saudável, os médicos o liberavam da dieta restritiva. Dicke também se equivocou ao descrever a doença celíaca como um problema gastrointestinal e que se desenvolvia somente em crianças da Europa, de olhos cerúleos e cabelo loiros, e todas caucasianas.

    historia do gluten.jpg   sciart.eu

    Fontes:

    Fasano, Alessio, and Susie Flaherty. Gluten Freedom: The Nation’s Leading Expert Offers the Essential Guide to a Healthy, Gluten-free Lifestyle. New York: Wiley General Trade, n.d. Print.

    “Samuel Gee.” – Wikipédia, a Enciclopédia Livre. N.p., 14 July 2016. Web. 23 July 2016.

    Berge-Henegouwen, G. P Van. “Pioneer in the Gluten Free Diet: Willem-Karel Dicke 1905-1962, over 50 Years of Gluten Free Diet.”Gut. U.S. National Library of Medicine, Nov. 1993. Web. 23 July 2016.

 (Parte 2)

Anos após a descrição de Dr. Dicke relatando casos de doença celíaca (DC) que ocorreram somente em partes da Europa, cientistas começaram a se perguntar sobre esta distribuição peculiar e acreditar em algumas teorias com diversas falhas.

  • Em 1996, Dr. Carlo Catassi, renomado gastroenterologista, fez um estudo começando na Itália, mostrando que 1 em cada 184 pessoas em que foram colhidas amostras de sangue tinham a doença celíaca, e que a maioria daqueles assintomáticos (lembrando que alguns dos sintomas da doença celíaca podem ser diarreia, dor no abdômen, fadiga e fezes anormais), não eram diagnosticados caso o médico não fosse atrás da causa como o glúten. Com esses resultados, a pesquisa foi amplificada e outros países como Líbia, Egito, Norte da África, Índia e China apresentaram casos de pacientes desenvolvendo a DC.

    Foi possível ver o crescente de países com cada vez mais pessoas com a doença celíaca, já que tempos atrás suas dietas eram a base de alimentos naturalmente sem glúten, como por exemplo, o arroz presente na cultura chinesa, e que atualmente foi substituído por diversos outros alimentos industrializados contendo trigo, centeio, cevada, triticale (cereal híbrido resultado da mistura do trigo e centeio), etc.

  • Os Estados Unidos, estranhamente, não apresentavam casos de pessoas com a DC, sendo muito raro um paciente que a desenvolve-se. Assim, em 2004, Alessio Fasano, gastroenterologista muito conhecido por seu envolvimento na doença celíaca e autor do livro “Gluten Freedom“, realizou uma pesquisa envolvendo 13.000 pessoas, e os resultados foram inesperados. 1 em cada 133 pessoas nos EUA possuem a doença celíaca, semelhante aos números de outros países. 

    Fontes:

    Fasano, Alessio, and Susie Flaherty. Gluten Freedom: The Nation’s Leading Expert Offers the Essential Guide to a Healthy, Gluten-free Lifestyle. New York: Wiley General Trade, n.d. Print.

  • https://totalmentesemgluten.wordpress.com

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