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Agrotóxicos e Doença Celíaca


Agrotóxicos e a doença celíaca

Agrotóxicos e a doença celíaca

Um artigo publicado no final de 2013 na revista científica Interdisciplinary Toxicology sugere forte correlação entre a utilização de herbicidas na agricultura (particularmente o glifosato) e o aumento de casos da doença celíaca. Segundo o artigo intitulado Glyphosate, pathways to modern diseases II: Celiac sprue and gluten intolerance (Glifosato, caminhos para doenças modernas II: doença celíaca e intolerância ao glúten), além da doença celíaca e da intolerância ao glúten, o herbicida também contribuiu para o aumento da obesidade e casos de autismo, assim como outras doenças como Alzheimer e Parkinson, infertilidade, depressão e câncer.

Entenda melhor o impacto dos agrotóxicos sobre a nossa saúde.

O que são agrotóxicos e herbicidas?

Conforme a legislação vigente, agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, utilizados nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais.

O agrotóxico visa alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. Também são considerados agrotóxicos as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.

Herbicidas são produtos químicos utilizados na agricultura para o controle de ervas classificadas como daninhas. Os herbicidas são agrotóxicos e os problemas decorrentes da sua utilização são a contaminação ambiental e o surgimento de ervas resistentes.

Para saber mais sobre o uso de agrotóxicos no Brasil e consequências da sua utilização para a saúde, clique aqui.

O Glúten e a Doença Celíaca

O glúten é uma proteína encontrada naturalmente no trigo, cevada, centeio e seus subprodutos como malte, farinha de rosca, etc. A aveia pode conter glúten devido ao seu processo de cultivo e processamento.

Algumas pessoas possuem intolerância ao glúten (doença celíaca) e não podem consumir produtos com glúten. A doença celíaca é uma doença autoimune, caracterizada pela inflamação crônica da mucosa do intestino delgado que pode resultar na atrofia das vilosidades intestinais, com consequente má absorção intestinal e suas manifestações clínicas. A doença celíaca interfere diretamente na absorção de nutrientes essenciais ao organismo como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. O único tratamento para a doença celíaca é a dieta isenta de glúten por toda a vida.

Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial é celíaca. No Brasil, estima-se que em torno de 2 milhões de pessoas sejam celíacas, porém a maioria dessas pessoas ainda estão sem diagnóstico.

O que é Glifosato?

O glifosato é um herbicida sistêmico não seletivo (mata qualquer tipo de planta) desenvolvido para matar ervas daninhas, principalmente perenes. É o agrotóxico mais comercializado no mundo desde os anos 2000 devido ao seu baixo preço depois que a patente do produto expirou e marcas genéricas passaram a ser comercializadas.

Possui ação sistêmica, ou seja, ao ser aplicado nas folhas das plantas este pode ser transportado até as raízes. Por sua ação não seletiva, que pode levar qualquer planta à morte, muitas culturas transgênicas são simplesmente modificações genéticas para resistir ao glifosato.

Há indícios de que o glifosato tenha efeitos nocivos sobre a saúde, como o aumento da incidência de certos tipos de câncer e alterações do feto por via placentária. Além disso pode causar danos aos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, renal, nervoso e respiratório. Também é uma substância bacteriogênica que impede a reprodução da flora intestinal. A substância também estimula o surgimento do autismo.

A Doença Celíaca e o Glifosato

Segundo os autores do artigo “Glifosato, caminhos para doenças modernas II: doença celíaca e intolerância ao glúten”, a intolerância ao glúten é um problema crescente em todo o mundo, atingindo cerca de 5% da população na América do Norte e Europa.

O artigo traz dados de um estudo que demonstra que peixes carnívoros expostos ao glifosato desenvolveram problemas digestivos semelhantes à doença celíaca. Segundo os autores, a doença celíaca está associada a desequilíbrios em bactérias do intestino que podem ser totalmente explicados pelos efeitos conhecidos do glifosato em bactérias intestinais. A evidência do efeito do glifosato em peixes sugere que o herbicida pode interferir na quebra de proteínas complexas no estômago humano, deixando fragmentos maiores de trigo no intestino, desencadeando então uma resposta autoimune.

Características da doença celíaca incluem a diminuição de muitas enzimas citocromo P450, que atuam na desintoxicação de toxinas ambientais, na ativação da vitamina D3, na catabolização da vitamina A e na manutenção da produção dos ácidos biliares e de fontes de sulfato para o intestino. Para os pesquisadores, o glifosato é conhecido por inibir as enzimas citocromo P450.

Também as deficiências em ferro, cobalto, molibdênio, cobre e outros metais raros associadas à doença celíaca podem ser atribuídas à forte capacidade do glifosato de eliminar esses elementos do organismo. Da mesma forma, deficiências em triptofano, tirosina, metionina e selenometionina associadas à doença celíaca, correspondem à conhecida capacidade do glifosato de esgotar esses aminoácidos.

Os autores ressaltam que portadores da doença celíaca têm maior risco de desenvolver Linfoma Não Hodgkin, doença que também tem sido associada à exposição ao glifosato. Além disso, problemas reprodutivos associados à doença celíaca tais como infertilidade, abortos e nascimento de bebês com malformações, podem ser explicados pelo glifosato.

O artigo ainda relata que resíduos de glifosato no trigo e em outras culturas tem crescido significativamente a partir dos anos 2000 devido à prática da dessecação das lavouras com glifosato pouco antes da colheita e das lavouras transgênicas tolerantes à aplicação do produto. Além disso, a resistência das ervas daninhas ao glifosato tem levado ao aumento da sua quantidade aplicada às culturas ou à suplementação com outros herbicidas, o que tem aumentado a exposição da população ao glifosato através da alimentação.

A figura abaixo demonstra o aumento do uso do glifosato nas culturas de trigo (barras amarelas) nos Estados Unidos, com acentuado aumento a partir dos anos 2000, e o aumento dos casos de diagnósticos da doença celíaca (linha preta) nos hospitais americanos.

 Correlação entre a aplicação do glifosato no trigo e o diagnóstico da doença celíaca nos Estados Unidos
Fonte: Glyphosate, pathways to modern diseases II: Celiac sprue and gluten intolerance

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https://www.emporioecco.com.br/blog/agrotoxicos-e-a-doenca-celiaca/

Fontes:

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