Bactérias boas!! Vamos usar!!

Bactéria do intestino dá ordens ao cérebro e influencia comportamento

Micro-organismos utilizam o sistema nervoso para enviar mensagens que alteram a ansiedade e o nível de stress em camundongos

A Lactobacillus rhmnosus manda ordens ao cérebro para mudar o comportamento do hospedeiro
A Lactobacillus rhmnosus manda ordens ao cérebro para mudar o comportamento do hospedeiro (Visuals Unlimited/Corbis/Latinstock)
Bactérias do intestino não servem apenas para ajudar na digestão. Cientistas descobriram que alguns micro-organismos também enviam mensagens ao cérebro, influenciando o comportamento do hospedeiro. Os resultados foram publicados no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

Pesquisadores da Universidade de McMaster, no Canadá, alimentaram dois grupos de camundongos com dois tipos de sopa: uma rica em bactérias do intestino chamadasLactobacillus rhamnosus e outra sem o micro-organismo. Os animais que foram alimentados com a primeira sopa tiveram comportamento menos ansioso em relação aos camundongos que tomaram a sopa sem as bactérias.

A equipe de pesquisadores descobriu que os responsáveis pela mudança de comportamento dos micro-organismos eram as bactérias: elas enviavam "ordens" por meio de um nervo chamado pneumogástrico, que conecta o cérebro a vários órgãos internos, como os pulmões e o estômago.

Glossário


  1. Receptores químicos -— São proteínas que permitem a interação de determinadas substâncias com o interior da célula. Eles ficam nas membranas da célula e de estruturas intracelulares. Os receptores se unem a substâncias como hormônios e neurotransmissores, desencadeando uma série de reações no interior das células.
  2. Lactobacillus rhamnosus — é uma bactéria que ajuda na digestão. É usada por alguns fabricantes na composição de iogurtes.
A mudança de comportamento foi acompanhada pela alteração nos níveis de hormônios de stress e de receptorescerebrais do mensageiro químico GABA. Modificações nos níveis desse mensageiro químico influenciam o comportamento dos animais. Camundongos que tomaram a sopa rica em bactérias do intestino tinham níveis maiores do receptor no cérebro do que aqueles que tomaram a sopa sem o micro-organismo.

Os cientistas explicam que os camundongos normalmente ficam próximos às paredes quando são colocados em um labirinto. Contudo, aqueles que consumiram a sopa rica em bactérias passavam mais tempo em locais abertos. Segundo os autores, a reação dos animais sugere que eles estariam menos ansiosos do que o normal.

Além disso, os especialistas realizaram um teste de stress forçando os animais a nadar em um tanque d'água. Como já havia acontecido nos outros testes, os camundongos estressados que ingeriram a Lactobacillus rhamnosus apresentaram níveis menores de hormônios de stress.

Quando os cientistas cortaram o nervo pneumogástrico, usado para enviar as mensagens ao cérebro, o grupo de camundongos que comeu a sopa rica em bactérias passou a se comportar normalmente. Ou seja, ficaram tão estressados e ansiosos quanto os camundongos do segundo grupo.

De acordo com os especialistas, isso sugere que o nervo pneumogástrico é uma das principais vias de comunicação entre as bactérias e o cérebro, embora seja possível que as ordens também sejam enviadas por outras vias, como o sangue e outros nervos.
Os cientistas ainda não sabem que tipo de mensagens as bactérias enviam ao cérebro e se um suplemento de Lactobacillus rhmnosus seria capaz de regular o comportamento das pessoas. Também não têm conhecimento de que vantagens as bactérias teriam ao estimular esse comportamento. Os resultados não significam, pelo menos por enquanto, que as bactérias produzam as mesmas alterações em seres humanos. Essas possibilidades serão exploradas em estudos futuros.
http://veja.abril.com.br/

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