Doença Celíaca: dificuldade no diagnóstico ainda é um problema
maio 20, 2011
O último dia 15 foi marcado por diversos eventos no Brasil e em outros países para comemorar o Dia Internacional do Celíaco. Lojas, associações como as ACELBRAs e blogueiros de todos os cantos deram voz a esses eventos que tiveram como objetivo chamar a atenção dos governos e da sociedade sobre a importância da criação de políticas públicas que garantam os direitos dos cidadãos celíacos.
A doença celíaca (DC) é causada por uma resposta imunológica ao glúten em indivíduos geneticamente suscetíveis. O resultado é uma inflamação crônica da mucosa do intestino delgado com sérios riscos à saúde. Por apresentar um quadro clínico complexo, com sintomas que são semelhantes a outras doenças inflamatórias intestinais, o diagnóstico da doença acaba sendo feito tardiamente em muitos casos. A Organização Mundial de Gastroenterologia estima que em adultos, a DC chega a levar, em média, 10 anos para ser diagnosticada.
O diagnóstico pelo padrão ouro e suas limitações
Não é à toa que a doença celíaca seja de difícil detecção, pois ainda não há um teste único que seja 100% conclusivo. O diagnóstico é realizado através da combinação de dois ou mais exames que são realizados por técnicas laboratoriais diferentes (sorologia e histologia). Ainda assim, há limitações no padrão ouro. O teste sorológico mais utilizado no Brasil para o diagnóstico da DC é a detecção de IgA TG2. Entretanto, o teste pode ter um resultado positivo mesmo quando o indivíduo não possui a doença celíaca, já que esta enzima é produzida pelo organismo quando há uma lesão de mucosa crônica, não sendo necessariamente uma lesão provocada pela alergia ao glúten.
O teste genético para detecção da DC
A DC é uma doença hereditária que afeta cerca de 1 a cada 214 indivíduos no Brasil. Se você tem algum parente direto que seja celíaco, as chances de você desenvolver a doença são de 10%. Há também algumas doenças ou distúrbios que podem ser indícios para uma investigação da doença celíaca, como o diabetes tipo 1, as síndromes de Down, de Williams ou de Turner, crianças que apresentem sintomas gastrointestinais, dificuldades e atraso no crescimento e baixa estatura, intolerância à lactose, osteoporose ou osteopenia e outros.
O teste genético tem sido utilizado como uma alternativa para aumentar as chances de um diagnóstico correto. Mas é importante lembrar que os testes sorológicos e de HLA (genético) são só indicativos que o paciente seja celíaco. A biópsia é que completa a bateria de exames para fechar o diagnóstico.
Mas para que serve o teste genético?
Para EXCLUIR a doença celíaca nos seguintes casos:
- Em pacientes sintomáticos com sorologia e/ ou biópsia inconclusivas. A ausência do perfil genético associado à DC confere uma probabilidade de mais de 98% de chances do indivíduo não ter ou nunca vir a desenvolver a doença. Apenas cerca de 0,4% dos celíacos confirmados com o padrão ouro não apresentam HLA DQ2/ DQ8;
- Em pacientes sintomáticos que não responderam a uma dieta sem glúten;
- Em pacientes que apresentem sintomas parecidos com a DC;
- Quando o paciente está sob uma dieta livre de glúten. O teste genético independe da idade, dieta ou tipo de tratamento que o indivíduo esteja submetido. Porém, estes fatores podem influenciar os resultados da biópsia;
- Quando há forte suspeita de DC mesmo após testes sorológicos negativos.
Recomendações de uso do teste genético
A molécula analisada no exame genético, a HLA, é constituída por duas subunidades: uma alfa e outra beta. Essas subunidades são as responsáveis pelo reconhecimento das partículas consideradas estranhas ao organismo e, por isso, a sua estrutura é de extrema importância.
O teste de genotipagem do HLA de classe II tem sido utilizado de forma crescente. Porém, para garantir que este teste seja realmente útil, é preciso assegurar que ele analise as cadeias alfa e beta das moléculas DQ e DR do HLA.
Atualmente, existem testes disponíveis no mercado que não discriminam quais os tipos de análise que realizam. No caso de analisarem somente a cadeia beta, eles podem deixar de considerar 50% da estrutura molecular para a detecção do marcador para a DC. Com isso, o teste genético acabaria não cumprindo sua função de auxiliar no diagnóstico da doença celíaca.
Atualmente, existem testes disponíveis no mercado que não discriminam quais os tipos de análise que realizam. No caso de analisarem somente a cadeia beta, eles podem deixar de considerar 50% da estrutura molecular para a detecção do marcador para a DC. Com isso, o teste genético acabaria não cumprindo sua função de auxiliar no diagnóstico da doença celíaca.
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